Raindrops keep falling on my head.

Ganho coragem para correr até um táxi, saída da porta de um qualquer sítio.

Chego a meio, encharcada. O vento empurra-me, e desisto daquela maratona como as crianças desistem de brincar com legos para ir ver televisão.
Levanto a cabeça, enfiada nos ombros para me proteger. Levanto-a, e o cabelo voa para trás.

Cinza-médio, 18%. É o tom do céu hoje. Não se distinguem as núvens sequer. É tudo homogénio, excepto o pássaro esverdeado que acaba de sobrevoar a minha cabeça, o carro vermelho que passa por mim na berma da estrada, os meus sapatos bege.

Entram-me gotas nos olhos, pisco-os. Elas secam.
Faz-se disto um ciclo.

Não estão táxis alguns na praça.
O vão da entrada do prédio está vago; eu também. E é assim que acendo o cigarro e misturo o fumo com os 18%, na rebaldaria das pessoas, rebaldaria fria, gelada, que me entra nos ossos e me sai pelas unhas, pelos dentes. Tremo, fico desfocada. Mais uma passa, mais 18%.

Até aos 100% passam-se horas.

E é isto que eu sinto cada vez que me deixam sozinha.